Muitas vezes, ouvimos na Igreja discursos sobre a humildade, ou discursos condenando o pecado de orgulho. Uma vez quando eu era missionário, brinquei com meu companheiro assim: “Estes discursos sobre o orgulho são inúteis,” eu falei. “Quando alguém discursa sobre o orgulho, todos os membros que já são humildes pensam assim: ‘É verdade! Eu preciso trabalhar nisso. Eu posso ser muito mais humilde.’ Da mesma maneira, todos os orgulhosos que estão escutando pensam: ‘Nossa, que bom que esse discurso está sendo dado. O Irmão João e Irmã Maria realmente precisam ouvir isso.’”
É um fato que a maioria de nós tem muita dificuldade em reconhecer nossos próprios erros. Muitos discursos no passado tem focado em olhar para frente1, olhar para cima, e até olhar para trás. Todavia, esta conferência, o Presidente Uchtdorf nos lembrou de algo talvez mais importante de tudo—devemos olhar para dentro de nós mesmos.
Tirar a Trave
Elder Uchtdorf demonstrou a importância de olhar para dentro com uma bela história sobre um gramado e um dente-de-leão:
“Havia certo homem que gostava de passear à noite pela vizinhança. Gostava especialmente de andar na calçada da casa de seu vizinho. Esse vizinho tinha um gramado perfeito, flores sempre brotando, árvores verdes de copas frondosas. Era óbvio que o vizinho fazia um esforço enorme para manter aquele lindo jardim.
Até que, um dia, ao passar diante da casa do vizinho, esse homem notou, no meio do belo gramado, um dente-de-leão, único, enorme, amarelo. Aquilo estava tão fora de contexto que o surpreendeu. Por que o vizinho ainda não o tinha arrancado? Será que não tinha visto? Não sabia que o dente-de-leão espalha sementes que poderiam gerar dezenas de outras praguinhas?
Esse solitário dente-de-leão incomodou o homem a tal ponto que ele decidiu tomar uma providência. Deveria ir lá e arrancá-lo? Deveria jogar um herbicida? Talvez pudesse se disfarçar e, na calada da noite, remover a praga em segredo.
Esses pensamentos ocuparam sua mente enquanto voltava para casa. E assim ele entrou, sem sequer olhar para o próprio jardim — que estava coberto de centenas de dentes-de-leão amarelos.”
A história é engraçada, mas a mensagem é poderosa–quantas de nós não fazemos isso, todos os dias? Poderíamos passar horas reclamando de nossos vizinhos, nossos chefes, e nossos familiares. Será que poderíamos passar nem sequer 20 minutos falando de nossas próprias fraquezas? Talvez não–mas eu aposto que nossos vizinhos e familiares podem! É muito mais fácil criticarmos os outros, mas, por fim, sómente podemos mudar a nós mesmos.
A Solução– Honestidade com Nós Mesmos
Se somente temos controle de nossas próprias vidas, por que é que estamos tão cegos para nossa própria incapacidade? Depois de ver todas as criações de Deus, a primeira reação de Moisés foi a dizer: “Ora, por esta razão sei que o homem nada é, coisa que nunca havia imaginado.” (Moisés 1:10) É provável que também nunca imaginamos as fraquezas que falhas que temos.
Com uma história quase inacreditável, o Elder Uchtdorf dá um exemplo da cegueira humana:
“Há poucos anos, foi divulgada a história de um homem que acreditava que, se esfregasse suco de limão no rosto, ficaria invisível às câmeras. Então, passou suco de limão por todo o rosto, saiu de casa e assaltou dois bancos. Não demorou muito, ele foi preso depois que sua imagem foi transmitida no noticiário daquela noite. Quando a polícia mostrou ao homem os vídeos de segurança dos bancos, ele não acreditou no que viu. “Mas eu passei suco de limão no rosto!” protestou.
Um cientista da Universidade Cornell, depois de ouvir essa história, ficou intrigado pelo fato de alguém ser tão inconsciente da própria incompetência. A fim de determinar se isso era um problema geral, dois pesquisadores convidaram alguns universitários a submeter-se a uma série de provas sobre vários aspectos da vida e, depois, a avaliar o próprio desempenho nessas provas. Os alunos que foram mal fizeram as avaliações menos exatas do próprio desempenho — alguns até acharam que suas notas deveriam ser cinco vezes mais altas do que foram na realidade.
Esse estudo foi repetido de diversas maneiras, confirmando cada vez mais a mesma conclusão: muitos de nós têm dificuldade para ver a si mesmos como são na verdade. Mesmo pessoas bem-sucedidas superestimam a própria contribuição e subestimam a de outras pessoas.
Talvez não seja tão grave superestimar nossa forma de dirigir um carro ou a distância que nossa bola de golfe alcança. Mas, se começarmos a acreditar que nossa contribuição em casa, no trabalho e na Igreja é maior do que realmente é, ficaremos cegos às bênçãos e oportunidades de nos aprimorar mais significativa e profundamente.”
Não nos deixemos a sermos tão cegos! Olhemos para dentro para ver aquilo que podemos melhorar. Avliemo-nos realisticamente os nossos esforços na igreja, na família, e no lar!
O Poder da Humildade
Vamos terminar com uma nota mais positiva. Temos grande capacidade de sermos orgulhosos, cegos, e imprudentes. Porém, temos outra grande capacidade– a de sermos humildes, honestos, e poderosos. Elder Uchtdorf nota que “Quando era mais jovem, eu ficava impressionado com pessoas instruídas, bem-sucedidas e aplaudidas pelo mundo. Com o passar do tempo, porém, passei a ficar muito mais impressionado com estas almas maravilhosas e abençoadas que são realmente boas e sem dolo.” Que sejamos aqueles que realmente são boas!
Os apóstolos de Jesus Cristo, quando aprenderam que um deles trairía o Salvador, eles não culparam um ao outro. Em vez de se acusar e brigar entre si, cada um se tornou para dentro e disse, “Porventura sou eu, Senhor?” Por fazer esta pergunta, eles não somente evitaram uma briga, mas também tomaram conta de tudo que podíam fazer melhor. Estavam realmente preocupados em serem dignos e puros.
Que também sejamos apóstolos de Cristo. Que tiremos o orgulho, que perguntemos “Porventura sou eu?”, e que trabalhemos juntos para melhorar-nos. Que realmente olhemos para dentro.
Este artigo foi escrito por Payton Jones
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