Muitas pessoas no mundo questionam a existência de Deus, elas não compreendem por que um amoroso criador permite que aconteçam coisas tão terríveis como as que presenciamos a cada dia. Esses males, no entanto, são uma parte necessária da mortalidade, e com um pouco de estudo podemos vir a compreender melhor porque existem. Estudar a Bíblia pode ser parte desse processo; A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (muitas vezes chamada equivocadamente de Igreja Mórmon) possui outros livros de escritura, como o Livro de Mórmon, que contém revelações que explicam com maior clareza o propósito desta existência.

Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas. Se assim não fosse … não haveria retidão nem iniquidade nem santidade nem miséria nem bem nem mal. Portanto é preciso que todas as coisas sejam compostas em uma; pois se fossem um só corpo, deveriam permanecer como mortas, não tendo vida nem morte, nem corrupção nem incorrupção, nem felicidade nem miséria, nem sensibilidade nem insensibilidade. (2 Néfi 2 : 11).

Sem a escuridão, não há luz. Sem o amargo, não há o doce. Todas essas coisas são subjetivas e necessitam ser comparadas com a oposição para serem compreendidas. Para conhecermos o que é o bem, a santidade, a justiça, a felicidade, a alegria, devemos conhecer os seus opostos. Até que tenhamos experimentado algo amargo, não podemos fazer comparações, a fim de conhecer ou entender aquilo que é doce.

Esta oposição também nos dá a oportunidade de crescer e aprender. Elas criam uma luta física, mental e espiritual que molda o caráter, da mesma forma que a pressão forma os diamantes, o exercício desenvolve resistência, e o estudo desenvolve a inteligência.

E se fores lançado na cova ou nas mãos de assassinos e receberes sentença de morte; se fores lançado no abismo; se vagas encapeladas conspirarem contra ti; se ventos furiosos se tornarem teus inimigos; se os céus se cobrirem de escuridão e todos os elementos se unirem para obstruir o caminho; e, acima de tudo, se as próprias mandíbulas do inferno escancararem a boca para tragar-te, sabe, meu filho, que todas essas coisas te servirão de experiência e serão para o teu bem. (Doutrina e Convênios 122:7)

Como pode algo ruim ser para o nosso bem? Tenho certeza que todos nós podemos pensar em exemplos terríveis de mal que simplesmente não se encaixam com esta escritura. O abuso de crianças. Pessoas mortas por motoristas bêbados. Crianças desnutridas em países do terceiro mundo. Os mortos por desastres naturais ou atos de terrorismo. Vítimas de sequestro, tráfico de seres humanos, estupro e assassinato. Como pode qualquer uma dessas experiências ser boa? Em alguns casos, elas podem ajudar a construir a força de caráter e gerar oportunidades para as vítimas anunciarem a Cristo, através do amor e da compaixão concedidos pelo perdão. Ao presenciar o sofrimento alheio também temos a chance de exercer a caridade, porém isso parece um pequeno consolo para um sofrimento tão grande.

Nosso período nesta terra, no entanto, é um tempo para que possamos exercitar o nosso arbítrio, com o qual Deus nunca interferirá. Fazê-lo seria eliminar o propósito da nossa mortalidade. Muito do mal e do sofrimento no mundo é o resultado das escolhas que os homens fazem exercendo seu arbítrio. Nossas escolhas produzem consequências inevitáveis e irreversíveis, bem como nos confere a responsabilidade por tais consequências.

Portanto os homens são livres segundo a carne; e todas as coisas de que necessitam lhes são dadas. E são livres para escolher a liberdade e a vida eterna por meio do grande Mediador de todos os homens, ou para escolherem o cativeiro e a morte, de acordo com o cativeiro e o poder do diabo; pois ele procura tornar todos os homens tão miseráveis como ele próprio. (2 Néfi 2:27)

As consequências de escolher o mal produzem um efeito cascata de longo alcance. Sofrem os inocentes, enquanto os responsáveis parecem às vezes nem mesmo sentir uma pequena parte de suas escolhas. Mas haverá um tempo onde se fara um acerto de contas em que todas as coisas serão colocadas em ordem. Um exemplo e uma explicação maravilhosa disto pode ser encontrada no Livro de Mórmon, quando os missionários Alma e Amuleque foram presos, os iníquos resolverem queimar todos aqueles que haviam sido convertidos a Cristo em uma grande fogueira. Amuleque perguntou a Alma por que eles não deveriam estender a mão e, pelo poder de Deus, salvar essas mulheres e crianças inocentes de uma morte horrenda.

Alma, porém, disse: O Espírito constrange-me a não estender a mão; porque eis que o Senhor as recebe para si em glória; e permite que eles façam isto, ou seja, que o povo lhes faça isto segundo a dureza de seu coração, para que os julgamentos a que em sua cólera os submeter sejam justos; e o sangue dos inocentes servirá de testemunho contra eles, sim, e clamará fortemente contra eles no último dia. (Alma 14:11)

Se Deus impedisse todas as maldades do mundo, como poderia o juízo final fazer justiça? Seria justo punir alguém por um ato que teria cometido? Nossas próprias leis mostram a futilidade de tal conceito. Embora seja algo terrível ficar parado enquanto alguém comete um ato maligno, esse é o único modo em fazer que a punição seja justa, nenhum tribunal vai simplesmente punir alguém por algo que nunca fez. Sabemos, no entanto, que mesmo que o Senhor não impeça o mal, Ele chora por causa da maldade que existe nos corações dos filhos dos homens.

E aconteceu que o Deus do céu olhou o restante do povo e chorou; e Enoque prestou testemunho disso, dizendo: Como é que os céus choram e derramam suas lágrimas como a chuva sobre as montanhas? E Enoque disse ao Senhor: Como é que podes chorar, sendo que és santo e de toda eternidade para toda eternidade?

O Senhor disse a Enoque: Olha estes teus irmãos; eles são a obra de minhas próprias mãos e eu dei-lhes seu conhecimento no dia em que os criei; e no Jardim do Éden dei ao homem seu arbítrio; E a teus irmãos disse eu e também dei mandamento que se amassem uns aos outros e que escolhessem a mim, seu Pai; mas eis que eles não têm afeição e odeiam seu próprio sangue

Mas eis que seus pecados cairão sobre a cabeça de seus pais; Satanás será seu pai e angústia, seu destino; e todo o céu chorará sobre eles, sim, toda a obra de minhas mãos; portanto não deverão os céus chorar, vendo que eles sofrerão? (Moisés 7:28-29, 32-33, e 37).

Agora podemos finalmente compreender porque Deus permite que o mal exista. A primeira é para que possamos experimentar a oposição, para que possamos aprender, crescer e moldar nosso caráter. A existência do mal também torna possível que possamos discernir aquilo que é bom, de modo que possamos escolher. A segunda é para que o julgamento de nossas escolhas seja verdadeiramente justo. As consequências de nossas ações são permitidas, mesmo quando são terríveis, de modo que, possamos ser declarados responsáveis pelas mesmas.

Como um pai amoroso, Ele sabe que Seus filhos podem aprender melhor fazendo seus próprios erros, Deus nos permite enfrentar e sofrer as consequências de nossas ações para que possamos aprender e crescer em sabedoria. E como um justo juiz, Deus não vai distribuir punições para atos que não tenham sido cometidos. Ao saber destas coisas podemos compreender o caráter e a natureza de Deus, e porque o mundo está cheio de tristezas e sofrimento, eu sei que Ele nos ama e espero que as minhas próprias ações possam apenas trazer-lhe lágrimas de alegria ao invés de lágrimas de tristeza.