Um número crescente de estudiosos está defendendo que substituímos os Evangelhos do Novo Testamento com alguns textos recentemente descobertos da antiguidade, primariamente os Códigos Nag Hammadi descobertos no Egito em 1945. Eles argumentam que estes textos pré-datam os Evangelhos canônicos. A descoberta dos textos do Egito é importante porque eles provêm uma janela sobre o mundo do segundo e terceiro séculos d.C.

Ainda que os textos canônicos sejam nossa primeira fonte para o estudo do Cristianismo no primeiro século, alguns estudiosos têm defendido datas anteriores para alguns destes textos recém descobertos. Se, por exemplo, algum texto do Nag Hammadi tiver uma data anterior aos nossos textos canônicos, então poderíamos reescrever a história do Cristianismo de uma outra perspectiva – a perspectiva do Cristianismo Gnostico. O clamor de que um certo texto promete reescrever o Cristianismo é continuamente usado como um ponto de venda para muitas destas descobertas textuais.

Surpreendentemente, alguns textos no próprio Novo Testamento – as cartas pastorais (1 e 2 Timóteo e Tito) e as epístolas de João – foram julgados como falsificações Cristãs recentes, porque eles denunciam o Gnosticismo. Os estudiosos já tem reconhecido a muito tempo que o gnosticismo é uma heresia Cristã que começou no final da metade do primeiro século, e ainda assim, quando novas descobertas textuais escritas por Cristãos gnosticos aparecem, parece haver um empurrão geral para data-las com datas anteriores aos de nossas escrituras canônicas. Se as epístolas pastorais e as epístolas de João são amplamente reconhecidas como textos escritos depois que os Evangelhos porque eles tratam do assunto do gnosticismo, então, da mesma forma, os textos gnosticos devem ter aproximadamente a mesma data.

A verdadeira pergunta que estes textos devem encorajar é se os Cristãos Gnosticos eram maioria no fim do primeiro século ou se a proliferação dos textos gnosticos é uma testemunha da popularidade regional daquele movimento em certas áreas do império, tais como o Egito. Dezenas e dezenas de textos gnosticos foram identificados; para cada texto canônico existem pelo menos três ou quatro texto gnostico. O volume de textos testifica a popularidade do movimento.

Mas o volume de textos não nos provê evidências sobre quando eles começaram a ser escrito. Eles são amplamente conhecidos como documentos do final do primeiro século, e mesmo quando um documento é datado como se fosse mais antigo, há uma nova data posterior para os documentos gnosticos. Em outras palavras, ainda que os documentos sejam datados como mais antigos, eles contém informações que provam que eles são mais recentes. Por exemplo, o Evangelho de Tomé pode conter alguns elementos da década anterior a 70 D.C, mas a maioria dele vem do final do primeiro século.

A mesma declaração não é verdadeira para os Evangelhos. Eles possuem materiais datados mais antigos e também materiais do final do primeiro século, mas o tempo que é coberto não é tão amplo quanto os materiais não canônicos. O evangelho de Mateus, por exemplo, contém materiais que voltam diretamente para o tempo de Jesus Cristo, enquanto algumas informações, tais como as narrativas e genealogia escritas por Mateus foram feitas posteriormente, por volta de 70 d.C. Portanto, o ultimo material do Evangelho de Mateus é semelhante em tempo ao primeiro material do Evangelho de Tomé. Os Evangelhos e epístolas do Novo Testamento são as fontes mais antigas do que Jesus fez e disse.