Na Conferência Geral de outubro de 1995 de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (frequentemente chamada de ‘Igreja Mórmon’), presidente Boyd K. Packer, um dos apóstolos atuais, disse:

“Exceto pelos poucos que [agiram] para a perdição, não há habito, vício, rebelião, transgressão, apostasia, ninguém excluso da promessa do perdão completo. Essa é a promessa da expiação de Cristo” (A Manhã Brilhante do Perdão, Ensign, nov. 1995, p. 20).

Claramente a expiação tem o poder de nos redimir de nossos pecados e dos efeitos da Queda. Mas a Expiação tem o poder de nos qualificar. Qualificar significa “tornar capaz”; dar poder, meios ou habilidades; tornar competente. O poder redentor da Expiação a qual é ativada pela fé em Jesus Cristo, nos torna poderoso, capaz, competente e santo. É o poder que compensa quando fazemos os nosso melhor e ainda caímos. É o poder que magnífica nossas habilidades, nos permitindo alcançar coisas além de nossa capacidade natural. É o poder que nos qualifica para continuar tentando mesmo quando sentimos vontade de desistir. É o poder pelo qual “nascemos novamente” (João 3:3) e nos tornamos perfeitos (João 17:23).

Expiação é a reconciliação do homem com Deus. No contexto das escrituras, expiar significa sofrer a penalidade pelo pecado, removendo assim os efeitos da transgressão do pecador arrependido e permitindo-lhe reconciliar-se com Deus. Jesus Cristo foi o único ser capaz de realizar uma expiação perfeita por toda a humanidade. Ele pôde fazer isto por ter sido escolhido e preordenado no Grande Conselho que se realizou antes que o mundo fosse formado, por ser filho literal de Deus e por ter vivido sem pecado. Sua expiação inclui o sofrimento pelos pecados da humanidade, o derramamento de seu sangue, sua morte e ressurreição.

Nossa meta não é apenas nos tornarmos limpos. Nossa meta é nos tornar como Deus! Mas não podemos fazer isso por nós mesmos. C.S. Lewis disse:

“Quando eu era uma criança, tinha dores de dente com freqüência, e eu sabia que se eu procurasse minha mãe ela me daria alguma coisa que diminuiria a dor por aquela noite e me deixaria dormir. Mas eu não procurei minha mãe – pelo menos não até a dor ficar muito pior… Eu não duvidava que ela me daria uma aspirina; mas eu sabia que ela faria algo mais. Eu sabia que ela me levaria ao dentista na manhã seguinte. Eu não podia conseguir dela algo que eu queria sem conseguir algo mais, o qual eu não queria. Eu queria alivio imediato para a dor, mas eu não podia conseguir isso sem [também ir ao dentista].

Nosso Senhor é como o dentista… Dezenas de pessoas o procuram para ser curados de algum pecado particular do qual se envergonham… ou o qual obviamente deteriora a vida diária… Bem, Ele irá curar isto, mas Ele não vai parar ali. Aquilo pode ser tudo o que você pediu; mas uma vez que você o chama, Ele lhe dará um tratamento completo… ‘Não cometa erros’ diz Ele, ‘se você me permitir, eu lhe farei perfeito. O momento em que se colocar em minhas mãos, é por isso que está aqui. Nada menos do que isso. Você tem livre escolha, e se você escolher, você pode me expulsar. Mas se não fizer isso, entenda que eu farei esse trabalho… Eu nunca descansarei, nem deixarei você descansar, até que esteja literalmente perfeito – até que meu Pai possa dizer sem reservas que Ele está satisfeito com você, bem como Ele me disse que estava satisfeito comigo”.

Ainda assim – esse é um outro lado igualmente importante disto – esse Ajudante que irá, na longa jornada, estar satisfeito por nada menos do que a absoluta perfeição, ele também ficará encantado com a primeira debilitação, os tropeços no esforço que fará amanhã para realizar as mais simples tarefas.

Assim como o poder redentor da Expiação, o poder qualificador é possível pela graça de Deus. Podemos, por nosso pecados, nos desqualificar espiritualmente. Mas não podemos, sem Sua ajuda, nos tornar espiritualmente capazes. Ele é a fonte de nosso poder. Se aceitarmos Sua expiação e fazermos da nossa vontade a Dele, podemos nos “ligar” nessa fonte infalível de poder e energia.

Sperry Symposium Classics, 2006, Brigham Young University & Deseret Book, 169-170.