Viemos a Terra cheios de esperança de podermos voltar um dia a viver com nosso Pai Celestial para sempre. Entretanto, sem o amor de Deus, não teríamos nenhuma esperança de voltar. A justiça requereria que vivêssemos uma vida perfeita, algo impossível para os mortais. A Queda de Adão e Eva nos fez sujeitos ao pecado, mas os Mórmons não acreditam que seremos punidos pelas transgressões de Adão e Eva. Um Deus amoroso e justo nunca puniria pessoas por coisas além do seu controle ou aqueles que viveram antes do Senhor Jesus Cristo ou que nunca ouviram falar Dele e não puderam escolher ser batizados ou não.

Como podemos, então, ser salvos? Como podemos voltar a Deus se a perfeição é um requisito para isso e é impossível ser perfeito? A lei permitiu que alguém — alguém que fosse perfeito e que fosse um voluntário desejoso — oferecesse para tomar sobre Si os nossos pecados e sofrer por eles como se fossem seus, e então morrer por nós. Apenas um ser podia cumprir estes requisitos — o Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo pôde viver uma vida sem pecados porque veio a Terra com uma mãe mortal — Maria — e um Pai divino — Deus. Os Mórmons não tem uma doutrina para explicar como isso é possível, mas isso não é importante. O que é importante é que esse parentesco permitiu que Jesus Cristo viesse a Terra e vivesse como um mortal, mas também vivesse uma vida perfeita, para tomar sobre Si os nossos pecados e morrer — mas morrer voluntariamente e se levantar novamente dos mortos, vencendo a morte.

Jesus Cristo fez tudo isso voluntariamente devido a seu puro amor por nós e por Deus, o Pai. Ele não pediu nada em troca e queria que déssemos a glória a Deus. Através de sua missão, Ele focou humildemente em Deus, não em Si mesmo. Ele corrigiu um jovem que o chamou de bom e disse que apenas Deus era bom (ver Mateus 19:16-17). Após um ministério que exigiu que enfrentasse e vencesse tentações e após ensinar o plano de Deus para nós, Ele enfrentou a designação mais difícil de sua vida. Ele foi para o Jardim do Getsêmane e tomou sobre Si a responsabilidade pelos pecados que nunca cometeu.

Em 2001, um apóstolo Mórmon chamado James E. Faust comentou sobre essa experiência:

“Ele sofreu muita dor, “angústia indescritível” e “tortura insuportável” por nossa causa. Seu sofrimento profundo no Jardim do Getsêmane, onde tomou sobre Si todos os pecados de todos os mortais, fizeram com que Ele “tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito”. E em agonia orou mais intensamente: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” Ele foi traído por Judas Iscariote e negado por Pedro. Ele foi ridicularizado pelos chefes e oficiais dos sacerdotes; Ele foi despojado, ferido, cuspido e açoitado na sala de julgamento.“

Os Mórmons acreditam que este período no Getsêmane é crítico para a salvação e é um suplício que tem sido ignorado ou mal interpretado por muitas religiões, que pensam que isso era apenas uma oração de preocupação para seu sofrimento futuro na cruz. No entanto, os Mórmons consideram a expiação um evento intensamente pessoal realizado em privado, por vontade própria e sob Seu total controle. Ele entrou no Jardim caminhando com suas próprias forças e começou o processo no momento que considerou apropriado. Ele passou um tempo considerável expiando por cada pecado individual, fazendo com que a expiação fosse pessoal para cada um de nós.

A cruz, também, foi importante.

Os Mórmons não ignoram o significado da cruz. Jesus tinha o poder de evitar a morte, mas se o fizesse, não poderíamos levantar dos mortos. A cruz foi o passo seguinte na expiação e foi também algo que se sujeitou voluntariamente. Elder Faust descreveu bem este evento:

 “Ele foi levado para a Gólgota, onde cravos foram colocados em suas mãos e pés. Ele ficou pendurado em agonia por horas em uma cruz de madeira que tinha o título escrito por Pilatos: “JESUS DE NAZARÉ REI DOS JUDEUS.” A escuridão veio e “à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Ninguém podia ajudá-lo; Ele estava pisando no alagar sozinho. Então “Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.” “um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.” ” E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.” Nas palavras do hino, “Não me deixe esquecer, Oh Senhor / Que derramaste seu sangue e morreste por mim”. Imagino quantas gotas de sangue foram derramadas por mim” (James E. Faust, A Expiação: Nossa Maior Esperança, Janeiro de 2002).

Quando Jesus Cristo ressuscitou, Ele rompeu as ligaduras (correntes) da morte para todos nós, fazendo com que fosse possível para todos ressuscitarmos também.  A expiação fez por nós o que não poderíamos fazer por nós mesmos. Nenhuma quantidade de obediência poderia nos salvar sem a expiação de Jesus Cristo. Embora a Bíblia esclareça em abundância que a obediência é necessária, ela sozinha não poderia nos salvar.

O Livro de Mórmon, que os Mórmons consideram ser um livro de escrituras companheiro da Bíblia do mesmo modo que o Velho Testamento e o Novo Testamento são dois livros que testificam e apoiam um ao outro, fala o seguinte sobre a expiação:

“Pois é necessário que haja uma expiação; porque, de acordo com o grande plano do Deus Eterno, deverá haver uma expiação; do contrário, toda a humanidade inevitavelmente perecerá; sim, todos são obstinados; sim, todos estão decaídos e perdidos e hão de perecer, a não ser que seja pela expiação que deve haver. Porque é necessário que haja um grande e último sacrifício; sim, não um sacrifício de homem nem de animal nem de qualquer tipo de ave; pois não será um sacrifício humano; deverá, porém, ser um sacrifício infinito e eterno” (Alma 34:9-10, Livro de Mórmon).

Os Mórmons testificam que o sacrifício expiatório do Senhor Jesus Cristo foi o único modo que poderia nos trazer a esperança de voltar à presença de Deus. Ele possibilita que arrependamo-nos de nossos pecados, viver para sempre e voltar para nosso lar com Deus, se o amarmos o suficiente para nos tornamos dignos de entrar em sua presença.