Quando jovem membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (inadvertidamente chamada de “Igreja Mórmon” pela mídia), eu aprendi sobre a expiação de Jesus Cristo, quando ainda muito novo. Eu orei em Seu nome, fui  batizado em Seu nome, e partilhei do pão e da água do sacramento semanalmente, assim como Ele fez com seus discípulos antes de sua crucificação (Lucas 22:18-19). Em minhas orações, eu prometia a Deus que eu seguiria a Jesus e O serviria durante toda minha vida; Se eu quebrava um de Seus mandamentos, eu pedia perdão. Eu O adorava e pedia por ajuda todos os dias. No início dos meus 20 anos, eu fui ao templo, onde os membros de A Igreja de Jesus Cristo (Mórmons) fazem convênios de seguir a Cristo, guardar Seus mandamentos, e sacrificar tudo o que eles têm para Ele. Ainda assim, apenas quando eu tinha 31 anos eu verdadeiramente entendi o que Jesus fez por mim quando ele sofreu no Getsêmane, morreu na cruz e foi ressuscitado.

Precisando do Salvador

Eu passei o Natal de 1991 em um hospital, lutando pelas vidas de minhas filhas gêmeas ainda em gestação. A previsão do parto era para 12 semanas depois, mas devido a sérias complicações, suas vidas estavam em risco. Eu estava inchada feito um balão e estava em risco constante de entrar em trabalho de parto. Meu marido e eu oramos continuamente pela saúde e segurança de nossos bebês, mas ainda assim sentia um medo contínuo. Nossos três filhos pequenos não entendiam o porquê mamãe não estava em casa para o Natal.

Três dias após o Natal uma das gêmeas morreu, e a outra nasceu através de uma cesariana. Sua vida também estava por um fio quando corremos com ela para um hospital infantil das proximidades, recebendo três bolsas de sangue inteiras e sendo colocada na Unidade de Tratamento Intensivo. Em choque e com dor, sofrendo com a perda de sua irmã, continuamos a orar por um milagre de saúde em nossa filha sobrevivente, que chamamos de Sarah.

Em poucas semanas o veredito foi dado: Sarah, embora com corpo saudável, sofrera quase perda total de suas faculdades mentais. Seu cérebro havia sofrido danos irreparáveis, com saúde apenas para manter seu coração batendo e seus pulmões respirando, à medida que todo o resto morria e desaparecia. Estávamos devastados. Como podia Deus ter nos tratado de tal maneira? Éramos seus filhos queridos e o adorávamos e seguíamos nosso Salvador, Jesus Cristo, que havia milagrosamente curado os doentes e trazido mortos de volta a vida! Onde estava o Senhor quando precisamos dele?

Ao levarmos para casa nossa pequena prematura de 1,8 quilos, eu tentei levar a vida como mãe de uma criança profundamente deficiente. Sarah exigia alimentação e cuidados minuciosos. Ela não dormia normalmente; se alimentava insuficientemente; ela não conseguia reter suas pequenas refeições; ela chorava e arqueava suas costas de maneira dolorosa todas as vezes que não estava sendo segurada. Com outros três filhos pequenos que precisavam de mim e ainda um coração desolado, eu me sentia completamente oprimida. Novamente eu procurei a ajuda de Deus através de oração. Certo dia, ao ler no Livro de Mórmon: Um Outro Testamento de Jesus Cristo, Mosias 24:13-15, algo me chamou a atenção. Jesus Cristo disse a um grupo de Cristãos que haviam sido escravizados por seus inimigos:

“E aconteceu que a voz do Senhor lhes falou em suas aflições, dizendo: Levantai a cabeça e tende bom ânimo, porque sei do convênio que fizestes comigo; e farei um convênio com o meu povo e libertá-lo-ei do cativeiro. E também aliviarei as cargas que são colocadas sobre vossos ombros, de modo que não as podereis sentir sobre vossas costas enquanto estiverdes no cativeiro; e isso eu farei para que sejais minhas testemunhas no futuro e para que tenhais plena certeza de que eu, o Senhor Deus, visito meu povo nas suas aflições. E aconteceu que as cargas impostas a Alma e seus irmãos se tornaram leves; sim, o Senhor forlaleceu-os para que pudessem carregar seus fardos com facilidade; e submeteram-se de bom grado e com paciência a toda a vontade do Senhor.”

O Milagre da Graça: Aliviando nosso Fardo

Graça é o milagre que o Senhor Deus nos oferece, através da expiação de Jesus Cristo, nosso Salvador e Redentor, que nos eleva a ele muito além do que qualquer coisa que podemos fazer ou que esperamos que tenhamos a esperança de fazer nesta vida. “Pois trabalhamos diligentemente para escrever, a fim de persuadir nossos filhos e também nossos irmãos a acreditarem em Cristo e a reconciliarem-se com Deus; pois sabemos que é pela graça que somos salvos, depois de tudo o que pudermos fazer.” (O Livro de Mórmon, 2 Néfi 25:23). Precisamos fazer nossos melhores esforços para guardar os mandamentos do Senhor – mas inevitavelmente iremos cometer erros. Graça é o dom através do qual Deus nos fortalece diariamente e faz a diferença. Um dos três dons essenciais que recebemos pela graça, através da expiação de Jesus Cristo é o dom do conforto e da cura. Alma, um antigo profeta, chama este dom de “socorrer”:

“E eles seguirá, sofrendo dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as suas enfermidades, para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo. E tomará sobre si a morte, para solbrar as ligaduras da morte que prendem o seu povo; e tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades.” (O Livro de Mórmon, Alma 7:11-12).

Alívio e esperança inundaram meu coração a medida que eu lia estas palavras do Senhor. Eu comecei a ter novas atitudes ao orar: não orava para o Senhor remover meus fardos, mas que “aliviasse meus fardos” e provesse socorro para a minha alma. Foi aí que nosso milagre começou – não um milagre da carne, mas um milagre de coração. Eu comecei a sentir a presença da alma pura e magnífica da minha pequena filha, e a presença dos espíritos angelicais que a suportavam ao perseverar em suas dificuldades físicas. Anjos terrestres entraram em minha vida disfarçados de amigos queridos, médicos sábios e assistentes sociais compreensivos que aliviaram os meus fardos de preocupação e exaustão. Após alguns meses, eu estava me regozijando com a oportunidade de cuidar da minha linda filha.

O Milagre da Cura de nossos Corpos

Para a cura, eu precisava de um segundo dom da graça. Como um membro Mórmon, eu acreditava que o corpo danificado de Sarah abrigava um espírito imortal que era literalmente filha espiritual de Deus, o Pai. Embora o seu cérebro não funcionasse, seu espírito ainda estava passando pela experiência da vida mortal, através de seu corpo, quando ela sentia dor, eu sofria, sabendo que ela não se lembrava ou antecipava a dor, nem sequer ela podia organizar o bombardeamento contínuo que experimentava através de seus sentidos. Ela não podia, por exemplo, tolerar ambos brisa e música ao mesmo tempo. Entretanto, sua experiência mortal era importante para sua vida eterna. Eu tinha fé que após essa vida, ela se lembraria e aprenderia as verdades essenciais pelo que ela experimentou aqui. Eu cantava para ela, e seu espírito respondia aos sons. Ela relaxava em meus braços, uma benção rara para ela, ao cantar sua canção infantil favorita de um livro publicado pela Igreja de Jesus Cristo:

 

Vou Cumprir o Plano de Deus

Existe razão em nosso viver;

Existe um plano que nos fez nascer.

Por minha escolha a esta Terra vim

E devo buscar o melhor para mim.

Este plano eu vou cumprir,

A palavra de Deus vou seguir.

Vou trabalhar e sempre orar,

Seu caminho quero trilhar

E a felicidade e paz

Não findarão jamais.

“Vou Cumprir o Plano de Deus”, por Vanya Watkins.

Eu tinha fé em meu coração que, através da graça da ressurreição de nosso Senhor e Redentor Jesus Cristo, Sarah experimentaria um dia a vida em um corpo imortal perfeito e saudável. Entendendo seu passado como filha espiritual de Deus, seu presente nesta experiência mortal, e a perfeição em que ela se levantaria um dia, eu encontrei conforto, apesar de seus sofrimentos ocasionais.

Em uma viagem para visitar a família, apenas sete meses após o seu nascimento, Sarah contraiu repentinamente um caso severo de pneumonia. No turbilhão para correr com ela para a sala de emergência tentando ajudá-la a respirar, eu fui forçada a decidir se os médicos deveriam usar oxigênio ou um ventilador para salvar-lhe a vida. Visões dela sofrendo quando bebê na UTI Neonatal vieram a minha mente. Não havia tempo para rever calmamente cada escolha, e embora orássemos, respostas não era imediatamente evidentes. Eu tentei ver a vida da minha filha em termos de aprendizado e crescimento de seu espírito imortal, e tomei a decisão de suspender o tratamento. Ela morreu em nossos braços em nossa casa, apenas algumas horas depois, partindo o meu coração novamente.

O Milagre do Perdão

A última graça que eu precisava através da expiação de Jesus Cristo era, talvez, o mais sério de todos. Embora eu tivesse tomado a melhor decisão que eu podia, eu havia feito uma escolha irrevogável em permitir que minha filha partisse para a vida eterna, deixando esta vida mortal. Se isto fosse um erro, era um erro imenso. Assim como todos os pais, eu agonizava sobre minhas imperfeições. Assim como todos os mortais, eu estava perdida, a menos que meu Redentor interviesse em meu favor. Sem a expiação do Salvador, Sarah estaria perdia para sempre; e eu seria expulsa por Deus a menos que Jesus Cristo expiasse por todos os meus pecados. Eu me ergui e agarrei a Suas promessas com ambas as mãos. A promessa de Isaías foi como uma luz na escuridão para mim:

“Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”. Isaías 1:18

Graça Sublime: A Expiação de Jesus Cristo

O  mundo nunca foi o mesmo para mim desde que Sarah viveu e morreu. Sarah me colocou cara a cara com o sofrimento, pecado e morte, e com minha própria necessidade por um Salvador e Redentor. Apesar de meus melhores esforços, na profundeza de minhas necessidades, eu estava perdida. Através do sacrifício do sangue e do corpo de meu Senhor e Salvador, Jesus Cristo, eu fui fortalecida, curada, perdoada e encontrada. Ele pagou minhas dívidas, e eu devo a Ele cada fôlego de minha vida. Eu vivo com a esperança de uma ressurreição gloriosa onde Sarah se reunirá novamente com nossa família, nossos corpos físicos serão perfeitos, para continuar a crescer na presença de Deus para toda a eternidade. Através da graça de Jesus todos seremos salvos, depois de fazer o nosso melhor. É de fato uma Graça sublime para mim.

Nora Moore Hess

Fontes Adicionais:

Crenças Mórmons

Profetas Mórmons

Mulheres Mórmons